De 20 a 25 de julho acontecerá em Melbourne, Austrália, a XX Conferência Internacional de Aids. A conferência tem como coordenadora geral a pesquisadora Françoise Barré-Sinousi, integrante da International Aids Society(IAS) e co-descobridora do vírus da Aids.
A proposta de realizar a conferência na Austrália acompanha o viés de unir e alinhavar estratégias e respostas ao enfrentamento da epidemia de aids na Ásia e Pacífico, regiões que, juntas, traduzem a maior área territorial e populacional do planeta e que, como consequência, possuem maior prevalência da infecção pelo HIV.
A conferência vem com a mesma posição de mobilizar e somar esforços em prol de um único objetivo : o fim da aids. Outro aspecto importante é que a conferência reúne pesquisadores e cientistas de renome, como epidemiologistas e virologistas que trabalham especificamente em busca de avanços científicos nos Campos das vacinas preventivas e terapêuticas, em novas tecnologias de prevenção e profilaxias, busca por medicamentos e terapias menos tóxicos e nocivos ao corpo humano e, principalmente, mecanismos que culminam numa possibilidade de cura da aids.
Acredito que a participação de pessoas que vivem com HIV é um aspecto importantíssimo, justamente pelo fato de proporcionar a troca de experiência de como é viver com a medicação. Além disso, o evento procura demonstrar como a ciência e a saúde tem avançado positivamente e em que âmbitos houve retrocessos e entraves, perpassando a qualidade de vida e a saúde de forma integral das pessoas que vivem com HIV/aids.
Particularmente, estou muito otimista e espero obter algumas respostas com essa conferência, justamente porque já há algum tempo vivemos um processo de juvenização da aids, no qual cada vez mais os dados epidemiológicos nos mostram que os adolescentes e jovens estão se descuidando nas relações sexuais, favorecendo a infecção pelo vírus HIV. Por falta de informação, alguns jovens acreditam que a aids é uma doença tratável e que não interfere na qualidade de vida e bem estar do indivíduo.
No próximo ano, em 2015, os países devem apresentar o avanço que alcançaram com relação aos objetivos de desenvolvimento do milênio, no o combate ao HIV/aids é o objetivo 6. Por mais que tenhamos avanços com relação a profilaxias, tratamento e testagem ainda estamos longe de atingir o Objetivo 6 , de combate ao HIV, presente na relação de Objetivos do Milênio. Diante disso, precisamos relacionar os desdobramentos dessa conferência com a agenda de desenvolvimento pós-2015 e com os Objetivos do Milênio, justamente porque o combate ao HIV precisa fazer parte das prioridades de todas as nações, não apenas no âmbito de saúde, mas também da proteção dos direitos humanos e educação, pois é preciso formar e sensibilizar jovens sobre a saúde sexual.
Além do mais, é preciso garantir que o estigma e o preconceito diminua com o fomento à proteção aos direitos humanos, possibilitando que o indicador de combate ao HIV seja transversal a outras metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e não se restrinja somente à meta de saúde bem como o indicador de juventude seja transversal a todas as metas para agenda Pós-2015. É preciso fortalecer o protagonismo juvenil e dar espaço, voz e vez aos jovens em processos mundialmente decisivos.
*Membro da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo e Convivendo com HIV/Aids, do Pacto Global para o pós-2015 e do Fórum Consultivo de Juventude do UNAIDS